Partido para os Animais convoca resis­tência contra um tratado de livre comércio com a América do Sul que será preju­dicial para agri­cul­tores, animais e meio-ambiente


25 Junho 2019

Parece que as negociações sobre um tratado de livre comércio entre a União Europeia (UE) e a América do Sul aceleraram-se. Este assim chamado "Tratado-Mercosur" possibilitaria a Europa importar muita carne barata do Brasil, por exemplo. Mas isto significaria um desastre para os animais, o meio-ambiente, a natureza e também os agricultores europeus. Na Holanda o Partido para os Animais (PvdD) lidera a resistência contra este tratado de livre comércio.

Deputada Esther Ouwehand do PvdD em debate sobre o acordo Mercosur.

Possivelmente já no fim deste mês um acordo definitivo terá sido firmado entre a UE e quatro países sul americanos (os assim chamados países-Mercosur Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai). Se o negócio for firmado, as taxas de importação para, entre outros, carne, açúcar, trigo e etanol serão baixadas consideravelmente.

Desastre para o clima, os animais, a natureza e o meio-ambiente

Os padrões relativos ao bem-estar animal e o meio-ambiente sob os quais a carne é produzida nos países-Mercosur são muito mais baixos que na Europa. Naqueles países também vigoram normas mais baixas para o uso de tóxicos agrícolas.

O impacto negativo da pecuária em grande escala sobre o clima, a natureza e o meio-ambiente é enorme. Neste momento a pecuária no Brasil já é responsável por oitenta por cento do desflorestamento. Em 2016 uma área florestal do tamanho da Suíça desapareceu. Prevê-se que o Tratado-Mercosur só vai piorar este impacto, com todas as consequências para os animais e a natureza vulnerável.

O Partido para os Animais holandês lidera a resistência

Por isso, a deputada Esther Ouwehand do Partido para os Animais holandês apresentou uma moção onde ela pede ao governo para defender-se na UE contra um tratado com os países-Mercosur que inclua a agricultura.

Ouwehand: "O Tratado-Mercosur é o maior acordo de livre comércio desde sempre. Entre a UE e, entre outros, o Brasil, onde o presidente Bolsonaro disse que quer sacrificar a floresta tropical e os direitos humanos pela produção da carne de boi barata e da alimentação do gado. Onde dezenas de substâncias tóxicas que foram proibidas há muito tempo são permitidas novamente. O Partido para os Animais se opõe fortemente a este negócio devastador. No meio tempo quase toda a oposição nos apoia. Agora os partidos no governo devem mostrar coragem."

O Partido para os Animais não está sozinho: organizações para a natureza, o meio-ambiente e os direitos humanos também são contra o tratado. Até mesmo a cúpula agrícola europeia Copa-Cogeca - que normalmente está diametralmente oposta ao Partido para os Animais - está lutando para deter o Tratado-Mercosur. Os governos da Irlanda, Polónia, Bélgica e França também expressaram suas preocupações com o tratado. Ademais, organizações de consumidores também estão muito preocupadas por causa dos diversos escândalos relativos a produtos agrícolas da América do Sul: durante inspeções da carne foram descobertas salmonela e substâncias químicas, entre outros.

Mas os partidos holandeses 'agrícolas' como os democratas cristãos (CDA) e os liberais (VVD) abandonaram os agricultores e por ora sustentam o acordo. Parece que no tratado a agricultura é usada a troco de um mercado maior para o setor automobilístico europeu na América do Sul. "Com tais amigos os agricultores não precisam mais de inimigos. Contudo, nós mantemos a esperança que estes partidos se mostrem dispostos a considerar os argumentos dos agricultores para não firmar este negócio. Os riscos para a agricultura europeia, o ser humano, a natureza e o meio-ambiente estão ficando cada vez mais claros. Outros partidos não podem continuar ignorando isto", concluiu a Ouwehand.